Festa Sim, alienação jamais!!!
“A
gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte. A gente não
quer só comida, a gente quer saída para qualquer parte...”
Quando Arnaldo Antunes,
Marcelo Fromer e Sérgio Britto, integrantes da banda de rock Titãs, no álbum Jesus
Não Tem Dentes no País dos Banguelas (1987), compuseram a música Comida, explanavam uma
reivindicação das camadas sociais mais baixas, num Brasil notadamente desigual,
o qual existia a carência tanto de necessidades básicas quanto da ludicidade,
do lazer à população. No entanto, a política de diversão e festas à população,
e apenas isso, sempre foi empregada ao longo da história, em todo o mundo, até
hoje. Sendo o real problema mascarado: O fomento ao ópio da sociedade. Principalmente, em nosso
país.
Conhecida por Política
do Pão e Circo (panem et circenses, no original em Latim), era a maneira que os líderes romanos lidavam com a população em geral, para mantê-la submissa e satisfeita à ordem estabelecida.
Esta frase, originada na sátira do poeta romano Juvenal, que no seu
contexto original, criticava a falta de informação do povo romano, que não
tinha qualquer interesse em assuntos políticos, e só se preocupava com o alimento, e
o divertimento, é facilmente aplicável nos dias atuais, proliferando-se como uma epidemia. O paliativo usual do governo assimilado pelo povo.
No Brasil, intitulado como "país do carnaval", e aqui no texto discutido, o carnaval, não apenas pelo seu período conhecido, mais por todas as comemorações existentes ao longo do ano, quaisquer que sejam, além de outros mecanismos midiáticos de massa, como a televisão, rádio e as redes sociais, levando ao estado de torpor crítico, e ideológico, da sociedade, um estado carnavalesco de ser, haja vista, que exercitamos a política em todas nossas ações (ou seja, negociação para o convívio em grupo), a alienação do indivíduo é evidenciada de forma latente em todas as esferas, como na educacional, familiar, trabalhista, partidária-eletiva, etc.
Essa forma de ludibriação abaliza a própria prática de poder, repassada de indivíduo para indivíduo, classe para classe, fazendo com que as próprias organizações tenham caráter hierárquico, totalitário, alienatório, e formulem e apliquem as regras de cima para baixo, de modo particularizado e não público, sem a participação efetiva da massa, ou "tutelado".
Ocorre assim a insatisfação, porém, suprimida pela própria permissividade da opressão.
Um exemplo clássico é a própria afirmação de que o Brasil só funciona depois da festa carnaval. Contudo, esqueceram de avisar que aqui tem carnaval o ano todo.
Ruas e avenidas cheias, de gente e entusiasmo, este, que falta ao povo, quando o assunto é mobilizar-se por busca de seus direitos e afirmação de seus deveres.
Afinal, você pode afirmar que facilmente ocorre uma manifestação entusiasta de forma concreta, e quantitativa, a não ser pelo patriotismo futebolístico, ou por grupos isolados, estimulados pela mídia?
Você sairia de casa, ou levantaria a voz na escola, ou trabalho, em busca dos anseios públicos coletivos?
Provavelmente não. Pois a grande maioria se acama diante da opressão (notória ou não) do governo, e demais instituições / organizações sociais, ou pela característica de competitividade e "Eucentrista", tanto prezada e difundida pela humanidade e seu sistema capitalista.
A alienação é o resultado da soma anual de todos esses "carnavais de olhos vendados", "dando-se adeus à carne" (as regras), como também, e ironicamente, ao intelecto e criticidade.
"Para o indivíduo: A luz e a coragem.Tenhamos momentos de carnavais, festas, porém, com cabeças, olhos e bocas sempre voltadas as problemáticas sociais, fazendo-se habitual a discussão, tornando esses mecanismos de submissão e alento, ineficazes e restritos ao prazer momentâneo, à ludicidade consciente, e não sobrepostas as reivindicações das necessidades humanas para um viver mais justo, digno da palavra DEMOCRACIA! Assim seja! "
Marcio Santos
Presidente do Grêmio Estudantil Velho Chico
Referência:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Panem_et_circenses
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