segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

TRIBUNAL DE JURI ESCOLAR

Valores dedutivos da anti-comunicação?! Fomento à apatia crítica e democracia parcial na formação do cidadão?! Basta! Educação e exercício da cidadania é o que queremos!!




Onde estão os réus?! Sentados, angustiados, sem defesa própria, longe do violento embate argumentativo, e, por vezes, municiado de pessoalidade e valores comuns a uma sociedade competitiva e castradora, em que os ícones, os professores, em arena de conceitos, adormecem o preceito de mudança, de construção de uma nova ideologia educacional, emanado em seus sonhos juvenis, para fomentar a estrutura mecanizada capitalista. Uma carnificina e estímulo à anti-cidadania do alunado, como de descriminalização, e culturação, ao ato ilegal. Assim pousa a educação brasileira. E todos nós, alunos, professores, pais, a sociedade em geral, somos vítimas e ceifadores. Deste modo, o destino da educação, torna-se previsível. Pena que negativamente.

Fruto desses valores sociais, os professores, pedagogos, pais, todos aqueles que gerenciam, ou melhor, modulam, a educação das crianças e jovens no país, certificam-se da importância da inter-relação democrática entre escola, aluno e família. 

No entanto, e na prática, comungam da inércia  centralizadora criacionista, como se apenas os aspectos oriundos do seio escolar, ou familiar, abarcados pela marmorização humana de rotulações preconceituosas de caráter religioso, étnico, político (ou anti-politico), dentre outros (como se assim fossem divinos, sobrenaturais, inabaláveis)  são  verdadeiros, esquecendo assim as especificidades de cada pessoa, quanto aluno, filho, amigo, agente mobilizador,...quanto ser social crítico e atuante.      

A escola, cada vez mais, abastece o mercado, deixando de abastecer a criticidade e originalidade do cidadão. Esquecendo, como assim disse Paulo Freire, de que "ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo", ou seja, de inserir valores outros que não estejam convencionalizados inicialmente, primando pela busca do saber, pelo questionamento, respeitando e credenciando a diferença como atributo desbravador, porém, comum, pela liberdade ideológica. Logo, questiono: Podemos nós atestar a evolução da escola, da educação? No que diz respeito as condições estruturais e metodológicas sim, todavia, os mecanismos de estímulo à subserviência apenas mudaram, ou seja, a escola torna-se cada vez mais medieval. 

Um desses mecanismos é a incomunicabilidade, falta de diálogo. Afinal, como um aluno pode obter uma "EDUCAÇÃO PROGRESSIVA", "CIDADÃ", se  este, durante o transcorrer do ano letivo, não é ouvido, e arguido, quanto seu processo de aprendizagem e as problemáticas pessoais (extra-classe) que possam interferir nesse aprendizado? 

Como podemos avaliar um aluno apenas pelo conteúdo absorvido (a partir de uma prova escrita, o qual o emocional conta muito),  pela participação (se o próprio sistema oprime o questionamento, alimentando a dúvida), ou pela presença em sala (se a própria presença física não caracteriza a presença intelectual / sensitiva do indivíduo)?

Como validar um molde avaliativo, mensurar qualificações, sendo que cada aluno detém uma especificidade, vocação, afinidade, e nível de percepção / absorção de conteúdo de acordo com as características particulares de cada professor?

Diante desses questionamentos, no cenário que se monta o Conselho de classe (o qual é formado por professores, pedagogos e coordenadores da escola), claramente pode ser denominado por "TRIBUNAL DE JURI ESCOLAR SEM A PRESENÇA DO RÉU EM DEFESA PRÓPRIA". Uma transgressão a própria LDB (Lei de Diretrizes e Bases), o qual determina a liberação / participação dos envolvidos nesse processo avaliativo.

"A finalidade primeira dos conselhos de classe é diagnosticar problemas e apontar soluções tanto em relação aos alunos e turmas, quanto aos docentes.

Na prática acaba por avaliar alguns alunos e/ou turmas e a própria prática pedagógica da escola.

Se não é bem conduzido, o Conselho acaba se atendo somente a questões dos alunos e suas notas e comportamentos, sem avaliar a própria prática educativa da escola. Ao invés de discutir o aluno de modo integral, os professores acabam acentuando apenas seus pontos negativos.

Em uma escola onde a gestão democrática é realidade, o conselho de classe desempenha o papel de avaliação dos alunos e de auto avaliação de suas práticas, com o objetivo de diagnosticar a razão das dificuldades dos alunos, e apontar as mudanças necessárias nos encaminhamentos pedagógicos para superar tais dificuldades." (http://www.infoescola.com/educacao/conselho-de-classe/)



Existe a prática da democracia no âmbito escolar? Pelo que vemos não. A forma de condução do próprio conselho, não condiz com seus princípios, com os princípios democráticos, havendo na verdade a afirmação do poder, da hierarquia, e este, o conselho, deveria ser entendido como uma das oportunidades de estímulo à argumentação, efetivação de direitos e deveres, como um artificio para os alunos se responsabilizarem pelos atos que lhe competem. Um grande passo à maturidade, ao exercício habitual da cidadania.

Devemos ter no seio escolar a premissa de igualdade, transparência, socialização, ludicidade, construção política e de conteúdo curricular (disciplinas, escrita, oratória e assiduidade / compreensão na leitura), dentre outros, em mesmo patamar, dando aos alunos, e professores, a oportunidade de se conhecerem e conhecerem o mundo que fazem parte, em todos os meandros, para assim, manifestarem-se, contribuindo para mudança da realidade hipócrita a qual nos encontramos.

E então, um último questionamento: Quando todas as partes envolvidas na educação básica, fundamental, média, técnica, e superior, verbalizarão a frase "Todos pela educação", deixando de lado as mazelas produzidas pela própria sociedade? Para este, quem sabe um dia encontremos a resposta.


Marcio Santos
Presidente do Grêmio Estudantil Velho Chico





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